terça-feira, 23 de março de 2010

Céu Negro

Fotografia: Suria L.
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Tenho medo, minha senhora.
Medo das veias em tempestade.
Medo dessa linha do horizonte,
Ser a linha do coração parado.
E a pretidão que me consome,
São olhos fechados da morte.
Minha senhora, meus amigos,
perdoem-me.
Meus objetos, meus amores,
esqueçam-me.
Pois tenho medo, minha morte.
Da tempestade do horizonte;
Que jorra sangue pelos olhos,
E sofrimento pela boca.
Tenho medo de quem vem dali.
Ao longe dos nossos olhos:
São seres que criamos,
Ou que nos criaram infames?
E ao longe, nesse dia feio,
Nasce do sangue do arrependimento.
Tenho medo, minha senhora,
Que os remédios sem efeito,
Sejam tão doces e amáveis
Como a linha do horizonte, agora
Vermelho como a cura;
E culpa de um céu negro.
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(Sérgio Oliveira - 23 de março de 2010)

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