sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Prédio Fantasma

Fotografia: Suria L.
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Lá dentro, onde trabalho,
As pessoas choram,
as mulheres gritam.
Lá no alto, pela janela!
Os homens correndo,
Crianças choram e
As mulheres trabalham.
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Lá dentro, naquele andar,
Onde eu me tranco nos dias,
Com pesadelos da madrugada
É onde eu trabalho e não moro,
Morro, mas não amo.
No alto, pela janela.
Onde eu preso,
E os homens choram.
E as mulheres correm.
E as crianças gritam.
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Mas tudo é tão normal,
Naquela janela,
Onde todos mortos.
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(Sérgio Oliveira -16 de outubro de 2009)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Prisão em Mim

Fotografia: Suria L.
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Lá fora a voz que me obedece:
Calem-se! Deixem-me dormir!
Aqui dentro o medo e a solidão.
Lá fora as folhas e o vento.
Esse dia de chuva que se forma.
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Aqui a folha em branco
e a chuva, permanente.
Quem de nós preso à inconstância?
Quem de nós não somos nós mesmos?
Eu aqui dentro apenas olhando
Você ai fora também obedecendo?
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Todos os insumos do tempo:
Você preso ai fora, eu aqui dentro.
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(Sérgio Oliveira – 13 de outubro de 2009)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Salvação

Fotografia: Suria L.
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Salvação bem longe,
no corpo que a fé transborda.
Sou esse pecadilho, confesso;
que na escuridão chora,
exausto no seu reflexo:
Serei eu ridículo ao incerto?
Serei esbelto aos seus critérios?
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E o amor que tenho agora,
é o único que me sobrevive:
Os dias de chuva e a prisão latente,
Na torre fecunda o que no coração
ainda mente.
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(Sérgio Oliveira - 13 de outubro de 2009)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Solidão dos Anos

Fotografia: Suria L.
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No início, flores; caídas.
Dos pássaros alegres, sorrisos.
E no final da história: a paisagem.
Quem sumiu primeiro?
Quem desistiu da promessa?
Sentados, olhos cansados,
no futuro do tempo
que não mais existirá.
E lá de cima, embaixo os netos
brincando de pesca, de carros,
de bolas e de barro.
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Nos aqui, da lama nos fizeram
da lama nos buscaram.
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(Sérgio Oliveira - 7 de Outubro de 2009)