segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Assombro da Tempestade

Fotografia: Suria L.
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E o verso da foto do céu?
Inverso, nesses dias quentes.
Escarlate. Vejo escarlate.
Das ruínas do que sobrou.
O céu límpido é a reconstrução.
E as perdas e mortes,
E as dores de ontem.
Vejo escarlate, o céu.
Escarlatina da memória,
banhado de águas barrentas
que levou tudo que importava.
Vejo um céu horrível.
com meus olhos fechados,
e com os braços cansados.
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Mas, a vida pulsa; desconcertante.
Brilha céu escarlate, a pluma.
Aves que voam e nuvens que povoam.
Céu de desenhos inimagináveis.
Céu das ondas intermináveis.
Céu que de escarlate,
um passado remoto inesquecível.
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Céu limpo e vazio, azul;
um assombro da tempestade.
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(Sérgio Oliveira -22 de fevereiro de 2010)